A TRAGÉDIA
Uma tragédia se abateu em Gran Canaria neste agosto 2007, enquanto estávamos ali,
Fomos alertados pela notícia de fogo na reserva florestal que apenas havíamos vislumbrado do terraço do Tagoror...
Vi lágrimas correrem nos olhos canários, apaixonados pelo patrimônio natural de sua pátria. Entendi depois como tudo se passou.
Gran Canária é montanhosa, os vales numerosos, a reserva se concentra no centro da ilha e no verão é natural que muitas plantas secas estivessem vulneráveis ao fogo.
Um louco em seu desvario riscou um único fósforo, o fogo começou em um vale, logo se formou um corredor de labaredas que se espalharam rapidamente pela reserva. Os esforços de todos os setores públicos não bastaram para deter a onda de fogo, que se transmitiu a outras ilhas, provavelmente pelo vento ou também provocado.
Foram mais de vinte mil hectares queimados, cerca de 1/3 das reservas de Gran Canária, afetando 20 % dos espaços vitais, durante cinco dias. Perderam-se 30 (ou mais) espécies de fauna e flora endêmica.
Ao atingir o Los Palmitos Park, um super zoológico da ilha, o fogo consumiu a maioria dos animais e vegetais, 65%. Aí, foi demais a tristeza que se abateu sobre a população das comunidades.
Passado o fogo, fomos visitar as áreas afetadas: São Bartolomeu, Tejeda, Mogán, Santa Lucia e São Nicolau. Uma visão de trevas, infernal, vales queimados, cinzas por toda parte, sinais do que foi, uma dor em nós, por tanta destruição, enormes palmeiras tornadas cinza.
Como assumiu o periódico ISLA 21:
“É preciso que Canárias conte com os meios necessários para enfrentar uma catástrofe natural de tal porte, com total garantia de segurança. ... com os montes ardendo em Gran Canária, Tenerife e La Gomera, ficou patente a falta de meios contra incêncio para uma atuação mais rápida, onde se produza o incêndio. Tenhamos em conta que o tempo transcorrido entre a tomada de decisões e o traslado dos meios pertinentes da Península é decisivo e pode ser fundamental na hora das determinações”
“Vêm à nossa memória, inevitavelmente, aqueles antigos “camineros” que andavam por nossos montes e eram encarregados de velar pela sua conservação e limpeza. Agora uma política ecologista mal encaminhada e desacertada, tendendo a uma superproteção de nossos montes, está contribuindo para materializar justamente aquilo contra o que se lutava.
Como sempre, temos a triste sensação de que sobram autoridades, mas faltam responsabilidades.
LÁ COMO AQUI : LEMBRAR DO QUE OCORRE NA AMAZONIA, NO CARIRI, OU NAS RESERVAS INDÍGENAS.