quarta-feira, 4 de julho de 2007

A VAQUINHA ou LA VAQUITA

Um mestre da sabedoria passeava por um bosque com seu fiel discípulo. Viu de longe um sítio de aparência pobre, decidiu fazer uma visita ao lugar. Durante a caminhada, comentou com o aprendiz sobre a importância das visitas, também de conhecer pessoas e as oportunidades de aprendizagem que temos nestas experiências. Chegando ao lugar, constatou a pobreza do sítio, os habitantes, um casal e três filhos, a casa de madeira em mau estado, vestidos com roupas rasgadas, sem calçado. Então, se aproximou do homem, aparentemente o pai da família e lhe perguntou: - Neste lugar, não existem possibilidades de trabalho, nem pontos comerciais? Como fazem vocês para sobreviver aqui? O homem respondeu: - Meu amigo, nós temos uma vaquinha que nos dá vários litros de leite todos os dias. Uma parte do produto vendemos e trocamos por outros alimentos na cidade vizinha; com outra parte produzimos queijo, manteiga, para nosso consumo e assim é como vamos sobrevivendo. O sábio agradeceu a informação, contemplou o lugar por um momento, se despediu e se foi. No meio do caminho, disse ao discípulo: - Volte, leve a vaquinha à beira do precipício. E empurre-a no barranco. O aprendiz olhou para o mestre com espanto e questionou a ordem, sobretudo porque a vaquinha era o único meio de sobrevivência daquela família. Mas como viu o silêncio absoluto do mestre, tratou de cumprir a temerosa ordem, jogou o animal no precipício, vendo como morria. Aquela cena ficou gravada na memória do jovem por alguns anos. Um dia o jovem deixou o seu mestre, resolveu ir visitar aquela família, contar-lhes tudo, pedir-lhes perdão e ajudá-los. Assim fez, e à medida que se aproximava do sítio, via tudo muito bonito, árvores floridas, uma enorme casa, .e algumas crianças brincando no jardim. O jovem se sentiu entristecido, porque pensava que aquela família humilde tivesse vendido seu terreno pra sobreviver. Apressou o passo, e quando chegou no lugar, foi recebido pelo dono. O jovem perguntou pela família que vivia ali há uns anos atrás. O homem disse que continuavam a viver ali, nunca haviam saído. Consternado, o jovem entrou na casa correndo e constatou que era a mesma família que visitou há alguns anos com o mestre. Elogiou o lugar e perguntou ao Homem: - Como fez para melhorar o lugar e mudar de vida? O homem respondeu com entusiasmo: Nós tínhamos uma vaquinha, mas um dia ela caiu no precipício e morreu. Dali em diante, nos vimos na necessidade de fazer outras coisas, desenvolver outras habilidades que não sabíamos que tínhamos. Assim, alcançamos o êxito que seus olhos vislumbram agora. //// História da tradição oral, coletada num curso dado por Inno Sourcy, Contadora de Histórias.

9 comentários:

Luma Rosa disse...

A acomodação só atrapalha!!
Ceci, olha a url do Frodo
http://frodoblog.weblogger.com.br/
Bom que esteja bem! Beijus

Anônimo disse...

Uma boa história, típica da auto ajuda aplicada, vinda de um momento de crueldade. Lembrou-me a farra do boi. Se por um lado existe um lado são, ele só pode ser mostrado para adultos conscientes. Criança e adolescente não devem aprender tal barbaridade. A vaquinha deveria ter sido roubada e devolvida se sobrevivesse às andanças do dois... rs. Para polemizar. Bem-vinda Ceci. Abraço

Ceci disse...

Olá, Dácio, vc tem inteira razão quando mostra a impropriedade da história para todos os públicos. E evidencia outra direção para o conselho do mestre!!! A gente pode reformular a história, com vantagem. Polêmica bem aceita rsrsrsr Abraços

Anônimo disse...

Como não há duas pessoas iguais, o resultado poderia ser bem diferento do que foi. Mas é uma história bonita, quam sabe alguém não tire proveito dela? Beijos.

Claudinha ੴ disse...

Olá, quanto tempo!Esta história nos ensina que não devemos nos acomodqr, devemos sempre buscar novas alternativas, novos caminhos, não podemos parar no tempo! Beijos!

Anônimo disse...

Bela história, Ceci! Está provado que nosso maior inimigo somos nós mesmos...
Bjs.

Anônimo disse...

Claro que moderado, ressalto que crueldade com animais é crime, haja vista que até povos que se alimentam de sua carne exigem que seu abate (para não dizer morte) seja feita da forma mais rápida possível, alguns até sob preceitos religiosos. A história teria que ocorrer sob o signo da bondade. O mestre que não trabalha, assim como seu discípulo, vivem às expensas de quê, de quem? De quem trabalha, faz calos nas mãos, sua sob sol quente? São pedintes? Não dirigiu uma só palavra de incentivo ao chefe da casa nem ensinou a pescar (não era um mestre chinês!). Não era um sábio, nem quem o criou. O rapaz induzido praticou um assassinato! Sob leis americanas ou canadenses seria processado. No Brasil teria a contínua proteção do mestre, a exploração da mídia, um hábeas corpus e as calendas gregas... Carolina faz dois anos; quando chegar a quatro, cinco ou seis, com certeza se lhe contar esta, a minha vaquinha será surrupiada, para depois ser entregue (?!) ou faria assim: procuraria um vizinho que tivesse um touro; com ele proporia a cobertura da vaca, pagando com produtos do leite ou até sociedade na cria; macho ou fêmea que nascesse seria o início de um rebanho; Um boi, Uma boiada. Nenhuma desconstrução. Assim até o mundo dos curumins será melhor... rs. /Abraço*** Como é do domínio público, história da tradição oral, coletada num curso dado por Inno Sourcy, Contadora de Histórias, posso me intrometer.

Loba disse...

Só temos noção da nossa própria força qdo precisamos dela. E sabemos disso, né?
Meu irmão Dacinho é demais!!!! rs..
Beijoconas

Taís Morais disse...

é....
de vez em quando precisamos empurrar a vaca no brejo, né?

te beijo

Taís