sexta-feira, 9 de março de 2007

MULHER SERENIDADE

MULHER SERENIDADE Na calma da tarde, a mulher e o homem trabalham. Ele ao lado do quiosque, debaixo da mangueira, ela sentada. Sentada e serena. O homem, em gestos seguros, abre dois verdes cocos e serve as sedentas mulheres, de repente passantes. Ela negra redonda, nos seus possíveis 35 anos. A saia cobre-lhe os joelhos juntados sob as mãos, como nuvens pousadas. A mulher sentada olha seu homem. Olha o tempo, mira o agora. Ele gastado do tempo, traços de índio, parece mais velho, olhar de franqueza, debaixo da mangueira, no meio da rua. Os filhos são três no Centro de Artes do Estado, aprendem a pintar, cantar e dançar. O mais afoito viola em cordas na tarde serena. O mestre abismado sabe a dança dos dedos meninos. Os sons voam, as cores volteiam no coração da mulher-encantamento: Ela parece ouvir melodias celestiais, prenúncio de alegrias na volta pra casa. Cabeça ereta, a mulher ergue os olhos em frente ao marido. Ele serena, volta seus olhos para a sublime mulher, na paciência da tarde. Entendimento perfeito, silêncio de almas, de corpos que falam, na dança amorosa, iniciada no olhar. Um riso desenha a alegria, na calma da tarde: uma mulher, um homem, crianças felizes, constroem seu amanhã, entre sons, cores, doçura, de fonte segura. Escrito para o Blog http://viveremnovotempo.zip.net