segunda-feira, 16 de março de 2009

Ai que Fome!

Ai que fome!

Como a cama

cheiro de rosas damascenas

do meu ventre palpitante?

Ai que fome!

Nas vitrinas, douradas peças,

lenços de seda, cavalos correndo,

na direção de Granada,

jardins sem fim de sábios desenhos,

violinos ao Amor!

Ai que fome!

Trituro louças bordadas

pego o trem das nove,

sem olhar para trás:

Onde irão meus sapatos de saltos piramidais

inexistentes? Talvez passe sob o arco-íris libertação

Ai, que fome!

Mastigo a lua de arrepios e corpo nu

Devoro a cama, com cheiro de amores:

Todos eles tão passados

Desbotados na lembrança do sete estrelo.

Cinzas mornas, ainda quentes,

arrepios de lua correndo no céu de Ruanda,

Corpos nus, sangrados pelo ódio,

Insanas mãos!

Ai que fome!

Neurônios voam janela afora,

Assombrados pelas imagens,

Sem esperar o amanhecer das maçãs douradas

No coração da menina.

16.03.2009

foto: barra grande, alagoas