terça-feira, 19 de julho de 2011

Rasgando papéis

A mesa está atordoada de papéis, revistas inúteis, rascunhos saturados,

a decisão é liberá-la do sufoco.

De repente, olho uma bolsinha, os guardados parecem sem vida,

precisam partir para o mundo da reciclagem:

comprovantes de eleições de duas décadas se enojam de estar parados,

gritam socorro.

Tomo um a um, e vou rasgando, enquanto meu cérebro acusa ladrões de nossos impostos,

bem vestidos, os canalhas, os privilégios, nossa impotência?

Antigas carteiras de estudante dos filhos, minha carteira do MEC registra o nº do processo da legalização do diploma da UFPB!

Agora, para que servem esses papéis e carteirinhas que um dia abriram portas?

Vejo meu passaporte vencido, vontade de também rasgar,

paro ao ver minha cara de há 6 anos.

Outra carteirinha de estudante completa 40 anos.

Rasgar não. Melhor deixar para ser olhada outras vezes, dentro do passaporte verde.

Era verde, ficou roxo.

Certamente de vergonha.