domingo, 21 de dezembro de 2008

TEMPO DE PARTILHA

Com este canto te chamo/ Porque dependo de ti./ Quero encontrar um diamante/ Sei que ele existe e onde está./ Não me acanho de pedir ajuda/ Sei que sozinho nunca vou poder achar,/ Mas desde logo advirto,/ É para repartir com todos./ Traz a ternura que escondes/ machucada no teu peito,/ Eu levo um resto de infância/ que meu coração guardou./ Vamos precisar de fachos para as veredas da noite,/ Que oculta e às vezes defende o diamante./ Vamos juntos, traz toda a luz que tiveres,/ Não te esqueças do arco-íris que escondestes no porão./ Eu ponho a minha poronga, de uso na selva,/ É uma luz que se aconchega na sombra./ Não vale desanimar, nem preferir os atalhos sedutores,/ Que nos perdem, para chegar mais depressa./ Vamos achar o diamante para repartir com todos,/ Mesmo com quem não quis vir ajudar, pobre de sonhos,/ com quem preferiu ficar sozinho bordando de ouro seu umbigo engelhado,/ mesmo com quem se fez cego ou se encolheu na vergonha de aparecer procurando,/ com quem foi indiferente e zombou das nossas mãos/ enfadigadas na busca,/ mas também com quem tem medo do diamante e seu poder/ e até mesmo com quem desconfia que ele existe,/ e existe,/ o diamante se constrói quando procuramos juntos,/ no meio da nossa vida,/ e cresce, límpido cresce,/ na intenção de repartir o que chamamos AMOR./

*Para repartir com todos, de Thiago de Mello*

Nesse tempo em que partilhar se confunde com comprar/consumir, lembrei deste texto tão significativo, e que tem muito a nos dizer.

Vai para todos os amigos, com quem compartilho pensamentos, idéias e atos.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

DIREITOS HUMANOS: BLOGAGEM COLETIVA

Do direito ao acesso

“Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção....” Art. XIII

Nesse dia dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, não vou falar das crianças perambulando nas ruas, da saúde para as diferentes camadas sociais, nem das escolas de péssima qualidade, onde falta de tudo.... Gostaria de falar de outro direito também abandonado...

.... Andar, caminhar, correr são movimentos tão primitivos quanto a existência humana. O ato de locomover-se uma necessidade básica da pessoa, essencial para sua sobrevivência, crescimento e manutenção.

Os profissionais da saúde não se cansam de orientar as populações para caminhadas e andadas. A propaganda incita ao turismo. Tudo diz para o cidadão se mexer, andar, caminhar, sair do ninho. E no entanto, quando se observa as condições das cidades, onde os lugares reservados para os pedestres foram abandonados, descuidados, desprezados, fica-se a pensar.

Conversando com amigos escutei relatos como este:

Em viagem, fora do Brasil, Maria e Silvana puderam vivenciar o andar em calçadas decentes, planas, sem buracos, sem reentrâncias, sem degraus. Cidades pequenas ou grandes, elas puderam andar sem a preocupação de uma queda, e isso fez uma grande diferença na vida das duas mulheres. Contaram que perceberam algo sutil, mas de grande importância na sua rotina de cidadãs: podiam caminhar e ao mesmo tempo prestar atenção à paisagem, à bolsa, aos lugares por aonde iam passando, podiam respirar. Segundo elas, essa percepção lhes deu a noção de quanto stress representa o maltrato das vias públicas entre nós. Sem ameaça à segurança, o foco era CAMINHAR, não a batalha pra se livrar dos buracos das calçadas.

Também a história de Francisca, que de uma só queda, enquanto andava na sua própria rua, em João Pessoa, foi direto pro hospital do trauma. Fui visitá-la, os médicos num corre-corre pra socorrer tantos acidentes. Ela sobreviveu apenas uma semana, com a fratura do fêmur e da bacia, revoltante ver uma pessoa lúcida e forte, se extinguir num escorrego de rua.

Como os relatos e viagens servem também para o aprendizado, observemos como são, aqui, no nosso lindo país, as calçadas e vias públicas, onde cada proprietário faz sua calçada como quer, com reentrâncias e “degraus” no meio da calçada, são um verdadeiro absurdo. Não falo dos calçadões do Leme ao Leblon, no Rio de Janeiro, onde o direito de acesso está garantido, falo das calçadas dos bairros e periferias, mesmo os de classe média, miseravelmente construídas, mal mantidas, feitas em qualquer nível, umas altas, outras baixas, com buracos de todos os tamanhos, quebradas, tampas de esgotos fora do lugar, verdadeiras armadilhas para os transeuntes. Falo da falta de legislação adequada a essa realidade urbana, da falta de fiscalização, da falta de prioridade ao direito básico.

Num mundo onde a ciência cria condições para a longevidade, onde o número e percentual de idosos crescem, a administração das cidades não atenta para o direito de locomoção. Os idosos, que já não têm a acuidade visual dos jovens, caminham preocupados em não cair, se desdobram em prestar atenção onde pisam. Desdobram-se em atenções, para não ir encher os hospitais do trauma, abarrotados que estão com vítimas de quedas, quebra de fêmur e de bacia...

As mulheres com seus bebês transitam mal, têm que ir para o asfalto, livrando-se das calçadas, se lançam no perigo maior, o do trânsito.

O direito ao acesso está restrito aos cidadãos enquanto estão em veículos. Logo que se vê nas calçadas das cidades, o direito cessa. Por quê? E vem a cantoria ao carro próprio, que leva os orçamentos domésticos aos píncaros! Será que andar vai virar um crime?

Além do grau de tensão estressante, multiplica-se nos lares a agonia onde há uma vítima de quedas, devido a buracos de rua, cuja vida será imobilizada, alterando por completo seu próprio direito à vida.

Como pode continuar tal descalabro em relação a esse direito fundamental, o direito à locomoção, em condições humanamente aceitáveis?

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

No dia 10 de dezembro, data em que a Declaração Universal dos Direitos do Homem faz 60 anos, está rolando uma blogagem coletiva sobre o assunto promovida pelo Sam, do Fênix Ad Aeternum, e conta, inclusive, com o apoio da ONU, já que os bloggers que participarem poderão usar o selo oficial que comemora o aniversário da declaração.

As regras são simples: ir ao blog do Sam, anunciar sua participação, pegar o selo e no dia 10 postar sobre direitos humanos.Vamos todos participar?

domingo, 23 de novembro de 2008

DO BARRO

A CONTADORA DE HISTÓRIAS Era uma vez / à beira de um rio... / nas noites, estrelas mil! / Maria contava / histórias de príncipes / dragões e rainhas / castelos de fantasia. / Era uma vez Maria / de fala encantada / e coração de bonança... ******************************************* Texto: Ceci / Foto (detalhe): Claire Jean / Cerâmica : Ceci Homenagem aos contadores que alimentam a fantasia e criatividade, com sua simplicidade e alegria.

domingo, 9 de novembro de 2008

ADOÇÃO: UM ATO DE NOBREZA

O casal europeu vivia aflito, não era possível procriar, e decidiram adotar uma criança, ou melhor queriam duas.

Fizeram um contato com uma instituição brasileira regular, e conseguiram um primeiro menino, de origem muito humilde, de uma favela. O menino negro M foi acolhido com amor grande, e após um ano e pouco, o casal fez nova viagem, para buscar o segundo filho. Outro menino, também negro, que gostou de ter um irmão mais novo.

Tanta dedicação, e preparação do casal para a função de pais, resultou numa acolhida perfeita, escolha de escolas de boa qualidade, porém sem luxo. E muita atenção no novo lar, carinho, sinceridade. Tudo que eles precisavam pra crescer sadios. Como toda criança, nada diferente dos filhos biológicos. Atenção e limites. //////

Passaram-se os anos. Conheci de perto a família. Sou testemunha.

A madrinha do menino M se tornou uma espécie de segunda mãe, sobretudo quando começou a puberdade. Com a madrinha brasileira completava um circuito de confiança em si mesmo, toda vez que as dúvidas o assaltavam, deixando sem vontade de viver. A mãe aprendeu a falar português para que o menino não esquecesse a língua materna.

Como acontece na humanidade, mais tarde o casal enfrentou crise conjugal, que levou ao divórcio. Os meninos se mantiveram firmes ao lado da mãe, nos momentos mais difíceis. Também brigaram com o pai, como toda criança o faria. Queriam os dois juntos pra sempre. Tal e qual os que nasceram de minha barriga.

Então, veio outro momento difícil: M e R conversaram muito com suas madrinhas, com sua mãe, pediram pra conhecer sua origem real. Os meninos tinham cada um seu coração suspenso. Viviam fantasias, M dormia mal, as interrogações pareciam grandes leões que enjaulavam seu coração de menino. R tinha vontade de ser rico, de viajar, de percorrer o mundo. Mas não gostava de estudar, parecia preso em notas débeis. Sonâmbulo em noites frias, agonias sem fim. Precisava desse passaporte para o mundo.

A mãe então programou uma longa viagem, que os meninos pudessem visitar o país e lugar de onde saíram, contatar sua origem. A mãe tinha as informações, e soube percorrer tranqüilamente as veredas que os levaram de volta à favela, com a opção de aí permanecer caso fosse sua decisão. A mãe de coração livre para amar o filho de qualquer jeito. Amor plural. Jamais ela afirmara qualquer sinal de rejeição da mãe natural.

A questão social fora o motivo. M perdera a mãe ao nascer, ficara sozinho.

R fazia parte de uma longa história, em que nem o pai ele poderia saber ao certo quem era. Mas poderia ver a mãe, uma batalhadora das noites de algum lugar desse país.

No retorno ao lar, os meninos se aquietaram, começaram um novo circuito de definições, de escolhas. Vieram os namoros, as paixões, as descobertas sexuais.

Atualmente, ambos estão independentes, cada um em país diferente, senhores de seus destinos, e no contato com os pais que os adotaram plenamente, praticam o amor, o respeito, a liberdade, a sinceridade e grande nobreza.

Recentemente, M teve uma paixão maluca, a namorada engravidou e ele se viu na dúvida quanto à validade de um casamento não desejado pelos dois jovens. Prontamente, M assumiu a criança, tomou todas as providências para que no futuro possa desempenhar o papel de pai, a contragosto da mãe-menina, em jogo de chantagem, ameaça e destempero. Acontece ali como por aqui. Imaturidade gerando vidas.

A mãe continua amadurecendo, em contato com os dois amados filhos de seu coração. Amadurecendo e orientando quando alguma insegurança ameaça o bem estar dos filhos.

Feliz e nobre adoção!

"Se algo não é obviamente impossível, então deve haver uma maneira de fazer! Nicholas Winton

Veja o vídeo incrível no Saia Justa

http://saia-justa-georgia.blogspot.com

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

HOMENAGEM a Carlos Drummond de Andrade

Além da Terra, além do Céu

Na passagem do aniversário do poeta, um de seus belos poemas: / Além da Terra, além do Céu, / no trampolim do sem-fim das estrelas, / no rastro dos astros, / na magnólia das nebulosas / Além, muito além do sistema solar, / até onde alcançam o pensamento e o coração, / vamos! / vamos conjugar / o verbo fundamental essencial, / o verbo transcendente, acima das gramáticas / e do medo e da moeda e da política, o verbo sempreamar, / o verbo pluriamar, / razão de ser e de viver. /

Carlos Drummond de Andrade (nascido em. Itabira, 31 de Outubro de 1902

— faleceu no. Rio de Janeiro, 17 de Agosto de 1987). *******************

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VEM AÍ A BLOGAGEM COLETIVA:

ADOÇÃO, UM ATO DE NOBREZA!

sábado, 25 de outubro de 2008

ADOÇÃO, UM ATO DE NOBREZA!

AMIGOS, ESTE É UM CONVITE, EM EXTENSÃO AO GESTO DE DÁCIO E GEÓRGIA PARA UMA BLOGAGEM COLETIVA ENTRE 1o e 15 DE NOVEMBRO, COM O TEMA ADOÇÃO. APROVEITEMOS O MOMENTO, PARA APROFUNDAR O ASSUNTO, QUE A TODOS NÓS HUMANOS TOCA E SENSIBILIZA. O SELO ESTÁ NO BLOG Chega mais e no Saia Justa. Vamos fazer nossa parte somando com amigos, na reflexão e ação.

domingo, 5 de outubro de 2008

CIDADE & DIGNIDADE

Caminhar em Gran Canária revela o tratamento cuidadoso que é dado à cidade, sua estrutura e funcionamento. Pode – se circular tranquilamente na cidade, nos bairros, nos campos. Vocês acreditam? Então, voltemos: em Gran Canária pode-se caminhar, circular com tranqüilidade. Não digo distraidamente, mas com segurança sobre as calçadas, transitar sem atropelos. Quem empurra o carrinho com seu bebê vai tranqüilo, o espaço está garantido. O homem ou mulher de muletas pode seguir em paz, tem espaço e tempo para a travessia segura. As calçadas são planas, padronizadas pelo Estado, largura e altura têm dimensões funcionais. Nada de rebaixamentos a torto e a direito. Sabemos que em nossas cidades brasileiras, todas por onde passei, as calçadas são vergonhosos exemplos de indignidade. Cada um faz a calçada como quer, da largura que lhe dá na telha e na altura que resolva, com rebaixamentos diante das garagens ou entrada das residências, de tal forma que o olho mais atento pode perder o detalhe do degrau-sobre-calçada e ir parar no hospital de traumas, sabe Deus com qual estrago!... Voltemos: em Gran Canaria bem como nas outras ilhas do arquipélago, os cuidados que aparecem com a estrutura da cidade são expansões da atenção com os cidadãos, moradores ou visitantes. A sinalização está presente em todas as vias públicas, além de que um tratamento paisagístico com jardins e esculturas nas rotundas transmite ao transeunte um verdadeiro orgulho por fazer parte da cidade. As esculturas retratam o estilo de vida, o trabalho, a origem do povo canário, a vida rural e seu labor cotidiano. Também as danças, lutas e motivos folclóricos. Posso citar dois casos que confirmam o cuidado com a cidade e homem: 1. Pela proximidade com o continente africano, é comum que vizinhos façam a travessia mar adentro e aportem em uma das ilhas. Haveria de se esperar aqueles processos de expulsão que são feitos em outros países (!) Pois ali é diferente: os “ayuntamentos” providenciam a inscrição dos imigrantes, com foco nas crianças, para evitar que se tornem marginalizadas. E encaminham o caso para os centros de trabalho, evidentemente com controle para que não entrem no campo das inconveniências migratórias. Trabalhar é a palavra de ordem, todos precisam trabalhar: do contrário, quem bancaria a escola, os centros de saúde, os hospitais públicos de ótima qualidade, os medicamentos, a estrutura da cidade? 2. Pelo clima tropical, o turismo permanente atrai muita gente proveniente do clima frio, alemães, finlandeses, franceses, etc. São casais de idosos que fogem da neve ou aposentados em busca de repouso com qualidade. Enquanto o frio maltrata seus países, eles se refugiam em hotéis da orla, onde a beleza inigualável das paisagens de mar e montanha preenchem seus dias. Então, ocorre comumente de casais chegarem de muletas ou cadeiras de rodas aos hotéis onde se tornaram clientes ao longo dos anos. E declaram que preferem morrer no calor das ilhas, do que se entregarem ao frio que os deprime. Como os hotéis sabem disso, muitos deles procuram se estruturar pra dar ao visitante a possibilidade de terem verdadeiros SPA em seu interior, com TALASSOTERAPIA, com acompanhamento de fisioterapeutas, enfermagem, atendimento médico e mesmo uma alimentação adequada à condição de idoso ou em tratamento médico.
Podemos afirmar que o cidadão canário conhece bem o potencial de sua cidade, e procura corresponder ao tratamento que lhe é dado em todos os setores públicos e privados, reforçando sua dignidade. Fica uma perguntinha: Quando será que nós saberemos cobrar da edilidade e câmaras municipais a consideração que têm obrigação de ter conosco, cidadãos que os elegemos para cuidar da cidade? Quando será que tomamos fôlego e exercitamos nossos direitos plenamente? Podemos aproveitar a chegada dessa leva de vereadores e prefeitos e exigir A CIDADE COM DIGNIDADE de norte a sul do Brasil.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

CHEGANDO

Amigos, Cheguei bem, graças a Deus! De Gran Canária, a experiência forte e viva, da convivência familiar, da paisagem rochosa, da alegria dos habitantes e seus desafios: transformar o meio amgiente rochoso em verdejantes e floridos bosques e jardins; assegurar qualidade de vida e sustentabilidade para todos os habitantes; tornar a vida possível em todas as suas dimensões. E ao mesmo tempo praticar o acolhimento, a esperança, a alegria.
A ilha aproxima, nutre seus filhos de um espírito de amizade e grande amor à terra. Os Guanches lembrados pelos desenhos recuperados pelo Patrimônio, dão sinais de sua longa presença na História das ilhas.
Mas, como acontece entre todos nós humanos, o fatídico vôo da SPANAIR que resultou no acidente desse agosto, em Madri, causou consternação geral em Gran Canária, pela perda de 79 habitantes da ilha - entre 159.
Gran Canária chorou. A solidariedade marcou aqueles dias como nunca se poderá esquecer: o silêncio nos mercados, no comércio, nas escolas, nos hotéis, por toda parte se viam rostos marcados pela dor, fosse de um vizinho ou do conhecido do primo, do amigo dos noivos que voltavam de sua lua-de-mel, para sempre interrompida.
Assim, embora a viagem tenha sido nutrida de muitas alegrias, preciso registrar a agonia da gente canária. Por respeito e admiração.
Agradeço a Deus meu retorno sã e salva, e todas as experiências de que desfrutei nesse tempo. Para cada um que visitou este blog, mantendo vivo nosso elo, meu abraço de ternura e meu muito obrigada!

quarta-feira, 30 de julho de 2008

EM GRAN CANARIA de novo

Amigos, Estou em visita aos familiares em Gran Canaria, o sol ilumina a ilha, das 6 horas até 21 horas, e portanto o fuso horário me deixa um tanto fora do compasso normal. Admirar esse povo com tanta garra pra superar os limites impostos pela natureza... um grande programa, aliado ao carinho das filhas, netos e genros... Que maior alegria? Beijos a todos vocês, e logo que retorne tenho algumas histórias para nos divertirmos.... Em defesa de nossa vida plena neste Planeta! Ceci

segunda-feira, 23 de junho de 2008

MESTRE PIRRALHINHO

Fui conferir e curtir o programa cultural dos festejos juninos. A prefeitura teve a sabedoria de prestigiar os artistas locais, grupos folclóricos, as expresões populares. Aqui, como em Campina Grande dá gosto ir pra rua brincar. Porque houve um tempo em que se perdeu este gosto, tanta desconfiança nos olhares e corpos rígidos, agora a alegria está de volta, caminho de saúde e felicidade. ******************************************** Pois foi ali que me deparei com o Mestre Pirralhinho, um homenzinho de menos de metro e meio, no entanto um gigante comandando o Boi Estrela do Norte, na apresentação na praça São Pedro: dançarinos exímios, incansáveis, vibrantes, contagiantes. As figuras de Pai Mateus, o boi, o amo do boi; Margarida e Jaraguá (pássaro mítico), enormes bonecos, tudo encadeado, e muito animado. Sim, prestigiaram os caprinos, com uma cabra engraçada a dançar antes do boi. Não havia como ficar passivo diante de tanta alegria. Além dos dançarinos adultos, um menino de cerca de 7 anos dançava sem parar, no centro da apresentação, aprendendo a arte de brincar o boi, encantando as crianças da platéia, todos querendo imitar os passos e postura de príncipe da brincadeira. Parabéns à comunidade bairro dos Novaes, em Cruz das Armas. Felicidade, é o nome da programação do Centro Histórico, nutrindo a alma brincante dos paraibanos.*********************************************************************

domingo, 18 de maio de 2008

PALAVRAS DE CRIANÇA

SABENDO DA BLOGAGEM COLETIVA DOS DIAS 18 E 25 DE MAIO, EM PROTESTO CONTRA A EROTIZAÇÃO DA INFÃNCIA, ANTECIPO MEU TEXTO, DEVIDO A VIAGEM. REMEXENDO AINDA EM GUARDADOS, ENCONTRO ESSA PRECIOSIDADE PARA O CORAÇÃO DA GENTE: Janeiro de 1970 : Mamãe, tenho sentido muitas saudades da senhora, quando tiver tempo, mande livrinhos para eu ler. Eu acho que é preciso encontrar um lugar pra ficar junto com você, com urgência. Mamãe, abençoe seus filhos para serem mais felizes. ************************** //3 meses depois..... Mamãe, muito obrigada pelo significado das palavras que perguntei, quando a senhora mandar livrinhos, eu mando de novo as palavras que não entendo, tá? Sinto muita falta da senhora, mas não há outro jeito, tenho que esperar. //5 meses depois...... Mamãe, estou lendo Memórias da Emilia, estou gostando muito, vou lendo e sorrindo. Já li também as revistinhas que mandou pra gente, e quando eu terminar o livro passo para ela (a irmã).******** *********************************** 4 meses depois..... Mamãe, não estou me preocupando muito como eu me preocupava antes, agora estou procurando ser alegre, brincar e pedi a bola a minha tia, para levar pra escola e brincar no recreio com as minhas colegas. **************************************************************** ****** 6 meses depois....... Mamãe, o meu sonho e o de S (minha irmã) é estar logo com a senhora, esperamos que não nos desiluda, se gosta mesmo de nós. A (irmão de 3 anos)... está lindo e sabido, fala palavras que não entendemos, parece lingua estrangeira... **************************** **************** 9 meses depois..... Mamãe, não estamos gostando do semi-internato, porque, quando alguma menina faz alguma coisa errada e outra inventa mentira, é muito ruim... ********************************************************** ** 4 anos depois.. Mamãe, finalmente vamos terminar essa ausência, já podemos ir morar juntas de novo, estamos com tudo pronto, e quando você chegar vai nos encontrar muito alegres, com a boa notícia.. Vovó é que não está gostando de ficar sem a gente, nós gostamos muito dela, é nossa avó querida, mas queremos viver com você, que é nossa mãe ! Beijos, mamãe!********************************************

Amigos,

Os trechos são retirados de cartas de uma menina de 10 anos, a sua mãe, quando a mãe teve de se separar dos filhos e ir trabalhar em outro lugar.

Essa minha homenagem á infãncia, na luta contra o crime contra crianças,

LEMBRAR DOS GESTOS SAUDÁVEIS DA CRIANÇA, DAS PALAVRAS DE APELO, DO SENTIMENTO DE CADA FILHO, FILHA, ESTEJA EM QUE IDADE ESTIVER, SÓ FAZEM BEM, ALIMENTAM O CARINHO, O AFETO, O RESPEITO, A PRESERVAÇÃO DA VIDA. SÃO PALAVRAS DE CORAÇÃO PARA CORAÇÃO, PARA SEMPRE GRAVADAS DENTRO DE CADA SER HUMANO.

AMEMOS E AMEMOS, PARA SEMPRE AMEMOS!

terça-feira, 29 de abril de 2008

A BELEZA DOS ACHADOS

Amigos, Encontrei este poema nos guardados, e há também outros textos de amigos que não mais encontro, pela distância temporal e geográfica que permeia a lembrança e o afeto. Aos poucos, virão para essa página. Magda é uma dessas pessoas, que me cativou pela suavidade de suas falas, de seus gestos e modo de viver . Respeito, verdade, generosidade!
A ela, minha homenagem de hoje: "NOITE DO GALO
Leva contigo o canto que não solto // do fundo da garganta // : um grito mudo // é tempo de pedir dia mais justo // é tempo de falar de um canto novo // te chamo pra compor a letra e a música // de um amanhã sem choro // em amor e gozo // que hoje dorme dentro lá no fundo // desse olho / criança /// e desta ave em vôo. ////
**************************************************************************** Texto de MAGDA FREDIANI Santa Tereza - Rio de Janeiro
Foto de jardim na Pousada Engenho Laranjeiras, em Serraria - PB
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AGRADECIMENTOS:
DE CORAÇÃO À AMIGA LOBA,
PELA PRODUÇÃO DE ELOS,
A BELA COLETÂNEA EDITADA COM NOSSOS TEXTOS,
BEIJOS NO CORAÇÃO, AMIGA!

terça-feira, 8 de abril de 2008

BARDANA, POUCO CONHECIDA

BARDANA, POUCO CONHECIDA Uma herança dos tempos do Rio de Janeiro foi a simpatia com alimentos diferentes, que me aproximou de outros sistemas, como o vegetarianismo e a macrobiótica. Digo aproximou. Fui radical em ambos, cada um no seu tempo. Depois, a vida me trouxe para uma forma em que satisfaço minha necessidade sem preconceito, com bastante leitura, reflexão, conseguindo somar os aprendidos. Daí, conheci uma raiz que tem o nome de bardana e que tem várias indicações para fortalecer a saúde. Tive saudade e, não encontrando em minha cidade, a meu gosto, uma amiga me mandou de São Paulo, para meu deleite e saúde. Depois de limpar a fina pele, preparo a bardana em pedaços, de tamanho regular, cozida em água, pouco sal a gosto e molho de shoyo, podendo refogar ou não, em alho e/ou cebola abundantes. Fiz uma brincadeira com o preparado, acrescentando à lentilha, e ficou bem simpática, sem contar que o prato estava praticamente completo, faltando um toque de verde, e outro de vermelho, facilmente resolvido com as cenouras, tomates, coentro ou salsa e saladas diversas. Acompanhado de peixe ao azeite, que maior paraíso posso esperar? Posso assegurar: uma vez ingerida, sentem-se diferenças no funcionamento digestivo, e até no humor. Até a próxima brincadeira!

sexta-feira, 14 de março de 2008

0 POTE RACHADO

Um carregador de água na Índia levava dois potes grandes, ambos pendurados em cada ponta de uma vara a qual ele carregava atravessada em seu pescoço. Um dos potes tinha uma rachadura, enquanto o outro era perfeito e sempre chegava cheio de água no fim da longa jornada entre o poço e a casa do chefe: o pote rachado chegava apenas pela metade. Foi assim por dois anos, diariamente o carregador entregando um pote e meio de água na casa de seu chefe. Claro, o pote perfeito estava orgulhoso de suas realizações. Porém, o pote rachado estava envergonhado de sua imperfeição, e sentindo-se miserável por ser capaz de realizar apenas a metade do que ele havia sido designado a fazer. Após perceber que por dois anos havia sido uma falha amarga, o pote falou para o homem um dia à beira do poço: - Estou envergonhado, e quero pedir-lhe desculpas. - Por quê? perguntou o homem. “De que você está envergonhado?“ - Nesses dois anos eu fui capaz de entregar apenas a metade da minha carga, porque essa rachadura no meu lado faz com que a água vaze por todo o caminho da casa de seu senhor. Por causa do meu defeito, você tem que fazer todo esse trabalho e não ganha o salário completo dos seus esforços, disse o pote. O homem ficou triste pela situação do velho pote, e com compaixão falou: - Quando retornarmos para a casa de meu senhor, quero que percebas as flores ao longo do caminho. De fato, à medida que eles subiam a montanha, o velho pote rachado notou flores selvagens ao lado do caminho, e isto lhe deu certo ânimo. Mas ao fim da estrada, o pote ainda se sentia mal porque tinha vazado a metade, e de novo pediu desculpas ao homem por sua falha. Disse o homem ao pote: - Você notou que pelo caminho só havia flores no seu lado? Eu ao conhecer o seu defeito, tirei vantagem dele. E lancei sementes de flores no seu lado do caminho, e cada dia enquanto voltávamos do poço, você as regava. Por dois anos eu pude colher flores para ornamentar a mesa de meu senhor. Sem você ser do jeito que você é, ele não poderia ter esta beleza, para dar graça à sua casa.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

SAUDADE

Aos amigos blogueiros, viajantes do tempo. *************
A SAUDADE BATE FORTE,*
TANTA POESIA AUSENTE *
TANTO CARINHO CALADO*
NO CORAÇÃO *
OS AMIGOS PARTIRAM,*
CADA UM COM SUA CANÇÃO*
ESTRELA E MELODIA...*
ONDE ACHAR A POESIA*
DA AMIZADE...*
O CALOR DOS POEMAS,
NAS NOITES DE DEZEMBRO...*
ONDE ACHAR O CANTO NOVO,*
QUANDO A SAUDADE É FLAUTA SEM SOPRO?*
QUE VENHA O VENTO, *
LUAR E SONHOS MIL!*
ANO NOVO FELIZ!* ANO NOVO FELIZ!*
OS AMIGOS ESTÃO CHEGANDO*
NAS ASAS D0 CORAÇÃO!*
Finalmente Fevereiro é o mês! Estão nascendo mais duas crias do mundo blogueiro, graças ao empenho da amiga LOBA. Quem estiver interessado em adquiri-las, faça desde já a reserva pelo e-mail: lobamulher@uol.com.br Ou deixe seu e-mail nos comentários para que a LOBA possa fazer contato. Preço de cada livro, já com postagem para dentro do país: R$ 20,00

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

C A F U Ç U

CAFUÇU: V. Diabo. Indivíduo grosseiro, inábil. Bras. GO. Roceiro, asselvajado. Isso é o que diz o AURÉLIO. Em João Pessoa, o bloco arrasta multidões, sem precisar sair do lugar. É convocar e todo mundo aparece pra terminar o carnaval, da maneira mais criativa que se possa imaginar, como nos bons tempos. A fantasia é qualquer roupa que saia da rotina, mude a aparência de seriedade. Jogue uma peruca, ou pinte a cara com cores livres, ou vista seu pijama velho e caia na dança. De preferência, leve os amigos, faça uma roda e brinque à vontade. Adeus estresse, adeus! Fale, cante, brinque, suba no carro e desfile sua beleza! A noite termina, a meia noite já passou, lá vem madrugada! Aí se ouvem os foguetões, é hora de o cafuçu se mexer no trajeto entre duas praças do centro histórico. Se alguém pensa que só tem uma banda, enganou-se! São dezenas de grupos de músicos, com seus instrumentos, camisa C A F U ÇU, animando o bloco. Cada vez mais gente adere ao simples carnaval, sem gritos, muita liberdade e espontaneidade: famílias inteiras, grupos de amigos de todas as idades dançam sem parar. Muitos chegam cedo, com suas caixas de bebidas, do seu jeito, abastecem seu pessoal. Tudo vale a pena, nesse mar de alegria. Então, a receita paraibana pra desestressar é aderir ao cafuçu!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

UM EVENTO, OLHARES, ESPANTO:

...................Com apoio do SEBRAE PB, BANCO DO BRASIL E GOVERNO FEDERAL, muitos trabalhos que antes estavam invisíveis e sem força, estão emergindo como grande solução para a sobrevivência das famílias envolvidas e ao mesmo tempo, fortalecendo a expressão popular. Também estão com visibilidade no evento, os artistas já consagrados. Estes dispõem de uma "ilha" onde podem expor sua idéia, suas criações, geralmente com a parceria de um arquiteto.

..................Em João Pessoa, está se realizando o 7º SALÃO DO ARTESANATO PARAIBANO. O governo do Estado, acossado pelas campanhas que quase o retiraram do páreo político - aqui não entro no mérito das verdades ou mentiras- centrou suas forças no projeto A PARAÍBA EM SUAS MÃOS, voltado para o artesanato, como geração de renda,. Nos últimos anos, foi desenvolvido em todo o Estado, do sertão ao cariri, campo e cidades, em todas as modalidades praticadas.

...............Estão participando cerca de 3000 artesãos, nas modalidades BRINQUEDOS, MADEIRA, CERÃMICA, OSSO E PEDRAS, BORDADOS, RENDAS, TECELAGEM, FIOS, BORDADOS, FIBRAS, COURO, METAL, ARTESANATO INDÍGENA, HABILIDADES MANUAIS E GASTRONOMIA.

...................
Diariamente, entre 16 e 22 horas, multidões são atraídas para visitar o local, armado em grandes proporções, nas areias da Praia do Cabo Branco. ..............O que mais me impressiona nesse evento, são os olhares e atitudes das multidões que passam. Há desde o encantamento diante dos objetos expostos, a admiração,a identificação com temas e formas, materiais e função, como também o retraimento, o estranhamento, o medo de chegar perto, ou ao contrário, a aproximação para tocar, passar a mão, ou chutar, correr, endoidecer...

.
..................Nesta primeira semana, uma artista teve uma de suas peças quebrada, não se sabe em que momento, pois tudo acontece muito rápido. Como no primeiro dia, quando de repente, um menino de seus 10 anos, entrou correndo por dentro do stand de Maria dos Mares, quase esmagando as pequenas peças de cerãmica expostas, num canto onde não se pensaria um incidente.

..............A multidão não conhece a arte, a beleza dos objetos, não vê a alma da criação. Impactada com a enormidade do espaço, ela avança. Ditada pelo corredor, pela novidade, desfila sua impossibilidade, seu desconhecimento, expresso no olhar. Enquanto isso, a roleta marca a quantidade de passantes.

.................Claro, muita gente entra, se aproxima, casais com seus filhos, uns adultos mostram a seus pequenos, com cuidado. Mães, pais, avós com dois, três meninos e sua alegria, olham e passam meio assustadas e preocupadas que as crianças se soltem e façam o estrago. O impacto é grande. Já se sabe que as leituras são praticamente zero, quando se fala da grande maioria. Então, do livro para o povo, o que fica?

.............Concluímos, a cidade não vê a cidade! Os cidadãos não recebem, mesmo nos tempos de escola, as informações corretas? É uma lástima, um horror, que nunca se reverte? Os estudantes não visitam os lugares públicos, orientados por mestres, para aprender a apreciar sua cultura? Na Europa, as crianças, desde muito cedo, visitam os museus, as feiras, os lugares de circulação coletiva, as galerias de arte, com oficinas onde podem compreender o processo de criação; os campos, as regiões agrícolas, onde podem ver, desde o início da plantação, até o momento industrial ou da venda in natura, como as feiras. As crianças aprendem a compreender os ciclos de vida, os ciclos da cultura, os ciclos de criação. E portanto, refletir sobre seu ciclo de humanidade, necessidades e possibilidades.

.............Sabiamente este Salão do Artesanato dedicou um espaço para as crianças terem contato com a feitura de objetos artesanalmente. Uma gota de água para a sede coletiva, a mesma que não tem escolas com condições de aprendizagem cidadã? Tudo está tão misturado, tão barulhento, que o tempo da aprendizagem é mínimo, sem tempo de elaboração mental. Enquanto o barulho perturba e fadiga, as roletas registram o número de passantes... Passantes... olhos que talvez não percebam que o projeto é financiado pelo poder público, portanto lhes pertence, de fato e de direito. Podem se tornar atores da cena, desde que compreendam essa introdução. A roda continua a girar, alguém se habilita ao rodopio?
Ceci

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

CAMINHOS DO BARRO I

Com a autorização dos autores, vão aqui alguns textos criados durante as oficinas de cerâmica.

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- Vanêssa Amaral

E o homem se faz natureza

Mãos no barro, nas entranhas da terra

E no arder do fogo

Então produz e volta à natureza

Resgatando de si em em si tudo o que é falta,

o que é incógnita

Traz para si, o canto e o encanto, as cores,

o movimento

E se faz feliz

Partilha migalhas, restos de amor

Presença e falta.

*************************************************************************** GUARDIÃO - Ricardo Macedo Dentre todos os caminhos até agora por mim percorridos, um deles, talvez o mais novo, se desenvolve de modo muito especial: "o caminho do barro". Por ele trilho os meus devaneios, sonhos e agradecimentos. Na lida com a massa fria, esquentada com minhas emoções, através de minhas mãos, surge algo inesperado, ou talvez não, apenas adormecido, acordado vigorosamente, com a altivez de um guardião, que usa não armas e sim, as mãos e a sensibilidade para criar. *************************************************************************** 2008 - Ceci

Amar Criar

Recriar Inventar

Sonhar Realizar

Começar de novo

Consciência e Arte

Palavra e Trabalho

Exercício de Viver

Mãos nas mãos,

Mãos no barro

Construir

Desmanchar

Construir de novo

Refazer o caminho do sonho

E com ternura, realizar cada sonho!!!

Amar e amar sempre!