domingo, 8 de julho de 2007

MESTRE NADO em O SOM DO BARRO

A partir do vídeo O SOM DO BARRO, que nos encantou, fomos visitar o Mestre Nado, em Olinda. Encontramos sua casinha numa comunidade da periferia. Uma grande mesa expunha algumas ferramentas simples, feitas por ele mesmo e barro para os dez visitantes esperados. Recebeu a gente com um instrumento de sopro que construiu com a argila. Contou que brincava quando criança, fazendo “bolas ocas”, com barro, natural em sua condição. Cresceu e passou a fazer da argila seu meio de vida, fazendo peças de brinquedo e utilitários. E, lá pelas tantas, experimentou fazer um apito, evoluindo para um instrumento de sopro com diversos furos que permitem produzir os sons de uma escala completa. Então, se encantou com a múltipla sonoridade do barro, começou a estudar a música. Já estava maduro, a cabeça branca não o impediu de continuar a buscar o aperfeiçoamento dos sons. E de tanta pesquisa, chegou a uma forma mais complexa da OCARINA com uso de argila, couro e madeira. Quando se olha pensa-se em animais pré-históricos, tal a forma que apresentam as ocarinas do Mestre Nado. Ele relata que posteriormente, encontrou semelhanças com instrumentos muito antigos, que se perderam na sua origem. E que sua surpresa ainda hoje não tem tamanho, quanto ao seu próprio caminho com o som do barro. Executa com graça músicas de Luiz Gonzaga e Pixinguinha, acompanhado do “bum d’água” (percussão, feito de barro) e tambor, tocados pelos filhos. Aí, foi demais, explodimos em alegria! Orientados por sua filha Sara também fizemos a “bola oca”, princípio de tantas construções em argila, que virou nossa ocarina e nos deliciamos com a brincadeira do acabamento em poucas horas. Mostrou-nos o quintal que expõe tantas pesquisas, formas, brinquedos infantis, e o trabalho da filha se diferenciando com personalidade própria, em harmonia com a maestria do pai. Outros filhos trabalhando, a mulher circulando entre as peças completam a cena de labor de um brasileiro que nos conquista com sua arte. Como se não bastasse, as crianças das comunidades podem aprender com ele muitas e muitas coisas do bem viver. Sabe aproveitar o "lixo" da comunidade para transformá-l0 em energia no forno. Enquanto conversamos, chega um menino com tábuas bichadas, que leva para o quintal. Encantou-nos ainda a forma como se comunica, falando pouco e preciso, expondo sua experiência com propriedade e alegria. Ninguém diria que ali mora um verdadeiro Mestre, que sabe tirar da argila seu sustento, construir sua arte e exercer sua vocação de educador, ecologista e cidadão.

15 comentários:

Anônimo disse...

Que coisa mais bonita vc contou! É uma alegria saber que existe gente que se realiza, transformando a realidade, de forma construtiva, lúdica e proveitosa! Um homem como esse eu também denomino Mestre, porque sabe, porque ensina, porque experimenta a arte de viver, na sua máxima expressão!
Cumprimentos a ele e a todos que o cercam, inclusive você.
Beijos saudosos.
Dora

Anônimo disse...

São pessoas como Mestre Nado que deveriam ter seu some dado a logradouros públicos, e não os políticos safados. Beijos.

Anônimo disse...

Jota, vc falou tudo!

Embora muita gente, aprecie a arte, desconhece a técnica, mas a questão não é "a técnica", e sim "o olhar". Pensar no qto o HOMEM é e pode ser hábil com a argila. O que seria disso tudo se não fosse o "olhar" que conhece, reconhece a arte. Eu por exemplo, sempre que me deparo com uma arte marajoara, de cara sinto-a complexa e exuberante, fico com cara de boba, de imediato me sinto pequena diante de tanta beleza. Ce, qdo tiver um tempinho, dê uma olhada nesses sites, creio que vc vai gostar muito. Beijão amiga!

http://www.icoaraci.com.br/ceramica_icoaraci.htm

http://www.brazilarts.art.br/arte_marajoara.htm

Anônimo disse...

Vim agradecer-lhe a visita e me deparo com uma página riquíssima!
Obrigado pela oportunidade de conhecê-la. Vou me demorar agora e, certamente, retornar sempre.
Um abraço.

Anônimo disse...

Gostei do que contou, Ceci. Vejo que a simplicidade, neste caso, é uma virtude e que é através dela que se cria belas coisas.

Anônimo disse...

Minha querida amiga, esotu muito feliz! Primeiro, por te ver em plena vida - fazendo o que gosta, aprendendo sempre!
Depois por estar tendo o prazer de conhecer este mestre através de suas palavras.
É tão bom constatar que existem pessoas assim, né? Educadores em potencial, embora sem terem estado numa universidade. Artista da vida, pesquisador da beleza!
Enfim, um encanto! E que felicidade a sua de poder estar em contato com tanta riqueza!
Grande beijo, amiga-irmã!!!!

Anônimo disse...

Saudades daqui...beijão

Anônimo disse...

É o que falei outro dia sobre o lixo; ele sabe aproveitá-lo "limpando" um pouco sua comunidade; energia para seu forno. Educa quem lhe está à volta. De poucas palavras, por que mais de atos, é aquele que sabe que o tempo é dinheiro; Encantou-a com a forma como se comunica, falando pouco e preciso, doando sua experiência como um bom homem. Não sabe que é um Mestre, porém vc viu; não bastou, vc o trouxe, um educador, ecologista e cidadão que passa a nos contaminar./Abraço

Anônimo disse...

Enquanto feiticeiros, curandeiros,bruxos,xamâs,benzedores,milagreiros,padres, pastores e que tais, o homem tinha expectativa de vida de 45 anos ali pelo início do século XX. Como não acredito que hoje, com tal expectativa atingindo os 75 anos,isto se deva a matemáticos,geógrafos, desportistas, escritores e poetas; a engenheiros, motoristas de ônibus, pedreiros e arquitetos,não apontaria nenhum homem mas a mais nobre das profissões, a Medicina./Beijos

Anônimo disse...

dava tudo para estar junto!

te beijo

Taís

dade amorim disse...

OI, Ceci! Saudade de você.

Pois é, estamos cada vez mais perdidos nessa noite suja do Brasil e seus ladrões encapetados. Parece nome de banda, né? Mas é bem mais triste...

Beijos

Loba disse...

Tudo bem, querida? Espero que o sumiço seja pela intensidade de vida por aí, viu?
Beijão

Anônimo disse...

Oi Ce, voltei! E vc, ainda nas Canárias? Curtindo as crias? Vou deixar meu carinho, enqto espero sua volta... Beijão

Anônimo disse...

Nossa! Ceci! Que tempão sem saber de você!!
Beijos de saudade!
Dora

clarice ge disse...

Tem gente bonita que nos ensina que feiura só existe para os que não sabem viver.
Ceci, um tempão que não nos visitamos. Da minha parte, tenho diminuído meus passeios e comentários. Muita coisa acontecendo e o tempo fica curto para gerenciar com mais qualidade... Mas não te perdí, nem esquecí.
Que tudo esteja bem contigo.
Carinhos meus